pequena Antologia Poética

Bem, primeiro havia
crianças e mulheres
que obedeciam à lua.

E depois o homem;

essa platonicidade
plástica.
essa passionalidade
trágica.
gélida,
frio néon,
noite quente,
tremo de frio.
(ou medo)
que batas em minha porta,
essa personalidade
pálida.
essa dualidade
cósmica.
essa fatalidade
mórbida.
(dê me mais um cálice)
e jogarei na fogueira,
mais algumas
palavras.
ou grandes personalidades
pálidas.
e também felicidades
rápidas.
Tremo de frio.
(ou medos)

quero preencher os dias
vazios.
quero esvaziar os dias
cheios.
(de segredos)

faça-me ao menos uma promessa:
nunca mais bata á minha porta,
pois ainda vivem comigo,
segredos
não
revelados
e passionalidades
não afloradas.
mundo estranho,
janelas embaçadas.
lembranças
empedradas.
chuva caindo,
o rádio nunca toca
nossas músicas,
nem as minhas.
medo do xxxxxx,
de tocar tua mão e da guerra que se aproxima.
quanto a nós
a oposição
traz a concórdia da
discórdia
da guerra
psíquica
talvez antes mesmo
de nossas vidas aqui
nós em cristais
em pó de estrelas
nos encontrávamos pelo pluriverso
e nos beijávamos
e ríamos
como crianças loucas
confundidos hoje que estamos
quase não nos encontramos
são muitos desejos
no girar da engrenagens
da noite
pessoas montam seus exércitos
defendem seu território
num competir
incompetente
aos insurgentes
a solidão dos bares
dos lobos
dos bosques
dos temperos do riso
e da saudade presente
passeios nocturnos
contemplações celestes
muito pouca
ou nenhuma
ação / reação

o rádio soava
sons sublimes
como nosso indefinido desejo
e no mundo
caos instalado
plugado
nostalgia
das tardes de sol lavado
do palhaço desajeitado
do teu amor descuidado
parto então
muito desconfiado
de estar sendo enganado
e não amado
sob a cachoeira
onde se escondem cristais
a única tormenta é a água
nos sentimos ali seguros
como crianças em seus esconderijos
quem poderia então dizer
que acaba aqui

estamos mesmo que
em tempo lento
morrendo

antes
até do mato
num tempo remoto
que energias se arriscavam por aqui?
talvez a tua e a minha se ocupavam daqui?
deste lugar numa massa fundida
deste luar que ainda não existia

antes que o concreto tome conta de tudo
deixem – me dizer/escrever
o que está além de palavras
ou ordens estéticas

o futuro tem
que se livrar do passado
tem que ter a liberdade de ser novo
de ser não arquitetado
de ser sonhado

explorar
toda imensidão de coisas inexploradas
não ocorridas
uma pincelada no vazio plano em descoberto
novos matizes para um velho sonho perto
um novo despertar com planos de descobrir
novas ondas que ainda estão por vir



entre tu e eu

todo o universo de coisas paradas
colocadas
essas esquinas de curvas traçadas
planejadas
e nada de saídas desenhadas
implantadas
a distância faz o tempo
o resultado
não podemos ver
ou ouvir
ou tocar
ser



a imperfeição de alguns fatos
em um momento exato
um extrapolar sentidos
energizado



já pensei em fugir
umas três vezes
na quarta fugí das três
vejo a dualidade do mundo
da minha janela
usando algumas passagens secretas
nada de regras
nada de meias-tintas
recorto o todo
dobro
guardo

a cidade é uma grade
de convergência
de energias instáveis
uma combustão espontânea
de todo combustível
pontos de luz
num competir imcompetente
contra o céu reluzente
novos formatos de sombra
configurada
cortada
sinal dos tempos
ou fato corriqueiro


quem dera te encontrar
na exatidão de uma coordenada linear
te dar um beijo
um banho de cachueira
e te fazer ficar
numa fusão anímica
reduzir-se ao pó
ou irradiar
um instinto animal

nós criamos a manhã
o trabalho
o estudo


é preciso mapear
mas é vital
e não se perder
no jogo sujo do negócio


Gustavo Martell ©®2007

Um comentário:

Luiz disse...

Parabens velho por levantar topicos esquecidos pela sociedade!!!