Agrocombustíveis e Custo Social



Fora o xadrez geopolítico, o custo social e ambiental da expansão da monocultura de cana-de-açúcar, algo que, aliás, remete ao processo colonizatório do país, trará imenso impacto ambiental. Estão previstas dezenas de usinas, com destaque para a porção Oeste do Estado de São Paulo e, especialmente no Pontal do Paranapanema, onde as terras são baratas pelo fato de serem griladas. A reforma agrária não anda, mas a desapropriação e repasse de terras como “empréstimo” para a produção de cana em larga escala, por produtores estrangeiros, essa sim, já está sendo negociada. A própria transposição do rio São Francisco atende a esses interesses, o que se está querendo fazer ali, indo à forra com estudos de impactos ambientais, não é levar água ao povo da região, e sim favorecer a agroindústria que os expulsa do campo e os transformam em meros empregados numa condição semi-escravagista.
Os impactos ao meio ambiente estão sendo ignorados pelos que defendem a substituição do peltróleo pelo álcool combustível como medida para reduzir o aquecimento global. Um dos processos de produção mais comuns é a queima da palha do canavial, para facilitar o corte manual e aumentar a produtividade do cortador de cana. Essa prática reduz custos de transporte e aumenta a eficiência das moendas nas usinas. No entanto, a queima libera gás carbônico, ozônio, gases de nitrogênio e de enxofre (responsáveis pelas chuvas ácidas) e provoca perdas significativas de nutrientes para as plantas, além de facilitar o aparecimento de ervas daninhas e a erosão. Como opção às queimadas, que são responsáveis por boa parte das mortes dos cortadores por meio da inalação de gases cancerígenos, a mecanização pode ser extremamente prejudicial ao solo, pois o comprime, não permitindo a entrada de oxigênio. Os efluentes do processo industrial da cana-de-açúcar também prejudicam a natureza. Sem o devido tratamento, os dejetos lançados nos rios comprometem a sobrevivência de diversos seres aquáticos.
O capitalismo atual necessita da região periférica, pobre, para sustentar o luxo dos países ricos, o que nos remete ao processo neo-colonialista. O Brasil já foi uma república de bananas, de borracha, de café, de cacau etc. A política de produção aqui segue as diretrizes “ditadas” pelos grandes países ricos, assim, a produção do “espaço geográfico” é apenas derivada da demanda internacional, não somos soberanos, não produzimos nosso espaço, ele não reflete o que somos, apenas servimos como o “quintal do mundo”. Esse modelo de desenvolvimento acarreta ainda problemas sociais graves, desigualdades, e gera populações “flutuantes” que migram dentro do próprio país à procura de trabalho temporário em plantações, destrói o vínculo nobre do Homem com o solo onde vive, gera violência, falta de cultura e educação. É antes de tudo um problema sistêmico, advindo do capitalismo, que prega a “sociedade de consumo” e sua voracidade crescente por energia.






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